XV DOMINGO DO TEMPO COMUM – “Quem escuta a minha palavra e a entende, esse dá fruto”

2014

I. A PALAVRA DE DEUS

Is 55, 10-11: “A palavra, que sai de minha boca, não voltará para mim vazia”

Isto diz o Senhor:

“Assim como a chuva e a neve descem do céu
e para lá não voltam mais,

mas vêm irrigar e fecundar a terra,
e fazê-la germinar
e dar semente, para o plantio e para a alimentação,
assim a palavra que sair de minha boca:
não voltará para mim vazia;
antes, realizará tudo que for de minha vontade
e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la”.

Sal 64, 10-13: “A semente caiu em terra boa e deu fruto.

Visitais a nossa terra com as chuvas,
e transborda de fartura.
Rios de Deus que vêm do céu derramam águas,
e preparais o nosso trigo.

É assim que preparais a nossa terra:
vós a regais e aplainais,
os seus sulcos com a chuva amoleceis
e abençoais as sementeiras.

O ano todo coroais com vossos dons,
os vossos passos são fecundos;
transborda a fartura onde passais,
brotam pastos no deserto.

As colinas se enfeitam de alegria,
e os campos, de rebanhos;
nossos vales se revestem de trigais:
tudo canta de alegria!

Rom 8, 18-23: “Os sofrimentos não podem comparar-se com a glória futura”

Irmãos,

Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós. De fato, toda a criação está esperando ansiosamente o momento de se revelarem os filhos de Deus. Pois a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua livre vontade, mas por sua dependência daquele que a sujeitou; também ela espera ser libertada da escravidão da corrupção e, assim, participar da liberdade e da glória dos filhos de Deus.

Com efeito, sabemos que toda a criação, até ao tempo presente, está gemendo como que em dores de parto.

E não somente ela, mas nós também, que temos os primeiros frutos do Espírito, estamos interiormente gemendo, aguardando a adoção filial e a libertação para o nosso corpo.

Mt 13, 1-23: “O semeador saiu para semear”

Naquele dia, Jesus saiu de casa e foi sentar-se às margens do mar da Galileia. Uma grande multidão reuniu-se em volta dele. Por isso Jesus entrou numa barca e sentou-se, enquanto a multidão ficava de pé, na praia.

E disse-lhes muitas coisas em parábolas:

–«O semeador saiu para semear. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os pássaros vieram e as comeram.

Outras sementes caíram em terreno pedregoso, onde não havia muita terra. As sementes logo brotaram, porque a terra não era profunda. Mas, quando o sol apareceu, as plantas ficaram queimadas e secaram, porque não tinham raiz.

Outras sementes caíram no meio dos espinhos. Os espinhos cresceram e sufocaram as plantas.

Outras sementes, porém, caíram em terra boa, e produziram à base de cem, de sessenta e de trinta frutos por semente. Quem tem ouvidos, ouça!»

Os discípulos aproximaram-se e disseram a Jesus:

–«Por que tu falas ao povo em parábolas?»

Jesus respondeu:

–«Porque a vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não é dado. Pois à pessoa que tem, será dado ainda mais, e terá em abundância; mas à pessoa que não tem, será tirado até o pouco que tem. É por isso que eu lhes falo em parábolas: porque olhando, eles não veem, e ouvindo, eles não escutam, nem compreendem. Deste modo se cumpre neles a profecia de Isaías:

`Havereis de ouvir, sem nada entender.

Havereis de olhar, sem nada ver.

Porque o coração deste povo se tornou insensível.

Eles ouviram com má vontade e fecharam seus olhos,

para não ver com os olhos, nem ouvir com os ouvidos,

nem compreender com o coração,

de modo que se convertam e eu os cure’.

Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram, desejaram ouvir o que ouvis, e não ouviram.

Ouvi, portanto, a parábola do semeador:

–«Todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende, vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho.

A semente que caiu em terreno pedregoso é aquele que ouve a palavra e logo a recebe com alegria; mas ele não tem raiz em si mesmo, é de momento: quando chega o sofrimento ou a perseguição, por causa da palavra, ele desiste logo.

A semente que caiu no meio dos espinhos é aquele que ouve a palavra, mas as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza sufocam a palavra, e ele não dá fruto.

A semente que caiu em boa terra é aquele que ouve a palavra e a compreende. Esse produz fruto. Um dá cem, outro sessenta e outro trinta».

II. COMENTÁRIOS

O Senhor se encontra em Cafarnaum, cidade localizada na margem norte ocidental do Mar da Galileia, também chamado Mar ou Lago de Tiberíades ou Lago de Genesaré. Cafarnaum era, poderíamos dizer, a base de operações do Senhor. Nela Jesus realizou muitos dos milagres narrados nos evangelhos, e dela partia para outras cidades para anunciar a Boa Nova (ver Mt 9,35). Mateus a designa como “sua cidade [de Jesus]” (Mt 9,1). Também Pedro vivia em Cafarnaum. Em sua casa acolheu o Senhor muitas vezes (ver Mt 8,14). Ali também vivia Mateus (ver Mt 9,10), que atuava como cobrador de impostos (ver Mt 9,9).

Um dia «Jesus saiu de casa» e se dirigiu às margens do lago. O evangelista menciona que tanta gente o seguia, que ao chegar à beira do lago subiu em um barco e se afastou um pouco para poder dali pregar a todos sem ser impedido pela multidão. Jesus já tinha utilizado este modo de pregar em outras ocasiões (ver Lc 5,3).

Do barco falou-lhes «por longo tempo» em parábolas. Nosso termo “parábola” procede do grego parabolé, que significa justaposição ou comparação. Trata-se de uma comparação desenvolvida como uma narração fictícia, derivada do que costuma acontecer na vida ou na sociedade humana, por meio da qual Cristo propõe verdades sobrenaturais. Há, portanto, em toda parábola, uma imagem e um ensinamento espiritual fundamentado em alguma semelhança entre eles.

A primeira parábola daquele dia foi a do semeador. Era uma imagem muito familiar naquela região da Galileia, terra acidentada e cheia de colinas, em que pequenas extensões de terreno se destinavam à plantação. O Senhor descreve o que qualquer observador atento podia ver no processo da semeadura, desde que o semeador saía para semear até o momento da colheita. Nem todas as sementes chegam a dar fruto, mas só as que caem em terra boa. As que caem em chão duro, são arrebatadas pelos pássaros; as que caem em terra pouco profunda e pedregosa, logo que brotam murcham pelo calor; outras que caem entre espinheiros conseguem crescer mais, mas finalmente são sufocadas por estes.

Uma vez pronunciada a parábola do semeador o Senhor acrescentava: «Quem tem ouvidos, ouça!» Com esta expressão convidava seus ouvintes a abrir-se ao sentido profundo da parábola, a ser como aquela terra fértil que acolhe a Cristo e sua palavra.

Logo depois desta primeira parábola o evangelista insere a resposta do Senhor aos discípulos, que lhe perguntam: «Por que tu falas ao povo em parábolas?» (ver Mc 4,10-12;Lc 8,9-10) Como iniciava o ensinamento por meio de parábolas, a resposta do Senhor projeta luz sobre todas elas.

A resposta à primeira vista é desconcertante: «Porque a vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não é dado». Acaso o ensinamento do Senhor é uma doutrina secreta reservada só para um grupo de escolhidos ou iniciados? Em vez disso, não teriam as parábolas a finalidade pedagógica de ajudar os ouvintes a entender, de um modo simples e didático, realidades de sobrenaturais? No evangelho de São Marcos lemos que as parábolas do Senhor tinham esta finalidade pedagógica. «Era por meio de numerosas parábolas desse gênero que ele lhes anunciava a palavra, conforme eram capazes de compreender. E não lhes falava, a não ser em parábolas a sós, porém, explicava tudo a seus discípulos» (Mc 4,33-34).

Não devemos ver nos «segredos do Reino dos Céus» uma doutrina secreta, reservada unicamente para um grupo seleto de iniciados. Os Apóstolos terão a missão de «proclamar do alto dos telhados» tudo o que o Senhor lhes tinha explicado e ensinado privadamente (ver Mt 10,27). Se aos Apóstolos Jesus concedia conhecer e compreender os mistérios do Reino dos Céus de uma forma privilegiada era para que depois pudessem proclamar os ensinamentos de Jesus aos quatro ventos.

Mas nem todos têm ouvidos para ouvir. A doutrina do Reino dos Céus é incompreensível para quem endurece o coração. Requer por parte de quem a escuta uma atitude de humilde acolhida. Infelizmente muitos carecem de tal disposição interior, fechando-se à salvação e reconciliação oferecidas por Deus por meio de seu próprio Filho. Jesus Cristo é essa Palavra do Pai que «sai de sua boca», baixa à terra como a chuva, fecunda-a e a faz germinar, para voltar para Pai carregada de frutos de salvação (1ª. Leitura). Tal fecundidade, que se deve a sua obediência ao Plano do Pai, vê-se lastimosamente comprometida pela dureza de coração do soberbo e incrédulo.

Assim como antes muitos endureceram o coração fazendo-se de surdos ao ensinamento dos profetas, agora também muitos endureciam o coração e rechaçavam o próprio Filho de Deus e seus ensinamentos (ver Mt 21,33-46). As parábolas, por sua linguagem velada, constituíam-se em um sinal dessa incompreensão. A falta de entendimento, entretanto, não se deve à parábola mesma, mas à teimosia de coração. As parábolas do Reino são incompreensíveis somente para aqueles que não acolhem o Senhor, para aqueles que resistem em ver nele o enviado divino. Ao invés, são felizes os Apóstolos e discípulos que “veem” e “ouvem” o que muitos profetas e justos desejaram ver e ouvir, quer dizer, o próprio Messias enviado por Deus e suas palavras de Vida.

III. LUZES PARA A VIDA CRISTÃ

Quantas vezes em meio a duras provas ou dificuldades nos perguntamos: «Deus está entre nós ou não?» (Ex 17,7)? Quantas vezes quisemos ou gostaríamos que Deus nos falasse, quando por exemplo procuramos uma luz para orientar nossa vida, para tomar uma decisão importante? E se nada “escutamos”, pensamos que Deus não nos fala, ou que nos abandonou.

Mas é verdade que Deus não nos fala? Ou somos nós que “tendo ouvidos não ouvimos”, “tendo olhos não vemos”, porque nosso coração está embotado e endurecido? (ver Mt 13,14-15). Quantas vezes Deus lança sua semente em nossos corações, encontrando só uma terra endurecida e estéril! Quantas vezes acontece conosco o que diz aquele aforismo: “não há pior surdo do que o que não quer ouvir”! Deus fala, e fala forte em seu Filho Jesus Cristo, mas não poucas vezes fechamos nossos ouvidos a Ele porque o que nos diz nem sempre é o que nós queríamos escutar. Sim, a Palavra de Deus incomoda muito porque exige mudanças radicais, porque nos desinstala diariamente, porque sacode nossa mediocridade, porque em momentos críticos exige opções radicais e renúncias que nem sempre estamos dispostos a realizar, porque exige que abracemos a cruz quando gostaríamos que nos libertasse do sofrimento, porque queríamos ganhar a glória eterna mas sem assumir o combate, sem seguir o Senhor até a cruz.

Sim, em seu Filho Jesus Cristo Deus falou à humanidade inteira com forte clamor e continua falando conosco também hoje, fala a quem está disposto a escutar. Suas palavras são essas sementes que Deus nos pede que acolhamos docilmente em nossos corações: «Este é meu Filho amado, escutem-nO» (Mc 9,7). Por isso, diante desta “surdez” que de uma ou outra forma afeta a todos nós, queiramos admitir isso ou não, convém perguntar-nos com toda humildade e honestidade: Como eu acolho a Cristo, Palavra viva enviada pelo Pai para minha salvação e reconciliação? Como eu acolho suas palavras e ensinamentos? Faço todo o possível para fazer frutificar os ensinamentos de Cristo em minha vida mediante obra concretas, assumindo as mudanças necessárias em meu comportamento, perseverando neles? Ou por acaso sufoco o dinamismo de sua Palavra em meu coração (ver Heb 4,12), fechando-me com autossuficiência ao que me ensina, sendo inconstante quando o caminho se torna difícil, deixando-me arrastar pelo poder sedutor do poder, do prazer ou do ter?

No empenho por acolher em nossas vidas o Senhor e sua palavra, olhemos para Maria! Olhemos seu Imaculado-Doloroso Coração! Quem mais exemplar que Ela? Dela aprendemos suas mesmas disposições para acolher o Senhor e sua Palavra em nossos corações, em nossa vida. Com amor de filhos aproximemo-nos dela ao despertar cada manhã, implorando-lhe em oração que interceda por nós e nos eduque para chegar a ter um coração como o seu: um coração plenamente aberto à Palavra divina, sempre disposto a escutar e a fazer o que Deus me pedir (ver Lc 1,38; Jo 2,5; Jer 15,16); um coração constante e perseverante, para que nunca dê para trás diante das dificuldades ou fadigas que experimentarei no seguimento do Senhor (ver Jo 19,25); um coração indiviso, para que nunca permita que os afãs deste mundo sufoquem meu amor por Cristo (ver Lc16,13); um coração fértil, para que animado e fortalecido pela graça possa pôr em prática a palavra escutada (ver Lc 11,28; Tg 1,22ss).

IV. PADRES DA IGREJA

São João Crisóstomo: «“ O semeador saiu para semear.” De onde saiu o que está presente em tudo, que preenche tudo? Como saiu? Não de forma material, certamente, mas sim por uma disposição de sua providência em nosso favor: aproximou-se de nós revestindo nossa carne. Posto que nós não podíamos chegar a Ele porque disso nos impediam nossos pecados, é Ele quem veio a nós. E por que saiu? Para destruir a terra em que pululavam os espinhos? Para castigar os agricultores? De maneira nenhuma. Vem para cultivar esta terra, para ocupar-se dela e semear a palavra de santidade. Porque a semente da qual fala é, com efeito, sua doutrina; o campo, a alma do homem; o semeador, Ele mesmo».

São João Crisóstomo: «Um semeador foi jogar a semente e uma parte caiu na beira do caminho, mas vieram as aves e comeram-na, outra parte caiu em terra boa. Três partes se perderam, uma só frutificou. Mas o semeador não cessou de cultivar o campo. Basta-lhe que uma parte se conserve para não deixar seu trabalho».

São João Crisóstomo: «Na parábola do semeador Cristo nos ensina que sua palavra se dirige a todos indistintamente. Com efeito, do mesmo modo que o semeador da parábola não faz distinção entre os terrenos mas semeia aos quatro ventos, assim o Senhor não distingue entre o rico e o pobre, o sábio e o néscio, o negligente e o aplicado, o valente e o covarde, mas se dirige a todos e, embora conheça o futuro, de sua parte faz tudo o que pode, de maneira que se pode dizer: “Que mais posso fazer que já não tenha feito?” (ver Is 5,4)».

São João Crisóstomo: «Mas, você me dirá, para que serve semear entre espinhos, em terreno pedregoso ou sobre o caminho? Se se tratasse de uma semente terrena, de uma terra material, realmente não teria sentido. Mas quando se trata das almas e da Palavra, deve-se elogiar o semeador. Reprovar-se-ia com razão a um agricultor por atuar desta maneira. A pedra não pode converter-se em terra, o caminho não pode deixar de ser caminho e os espinhos não deixam de ser espinhos. Mas no terreno espiritual as coisas não são assim. A pedra pode converter-se em terra fértil, o caminho pode converter-se em um campo onde os viandantes não pisam, os espinhos podem ser arrancados e permitir ao grão frutificar livremente. Se isto não fosse possível, o semeador não teria semeado seu grão como, de fato, o fez».

São João Crisóstomo: «Note bem que há muitas maneiras de perder a semente… Uma coisa é deixar secar a semente da palavra de Deus sem ligar para ela; outra coisa é vê-la perecer sob o choque das tentações… Para que não nos ocorra coisa semelhante, gravemos profundamente e com ardor a palavra em nossa memória. O diabo quererá arrancar o bem ao nosso redor, mas nós teremos suficiente força para que não possa arrancar nada em nós».

V. CATECISMO DA IGREJA

O anúncio do Reino de Deus

543Todos os homens são chamados a entrar no Reino. Anunciado primeiro aos filhos de Israel, este Reino messiânico é destinado a acolher os homens de todas as nações. Para ter acesso a ele, é preciso acolher a Palavra de Jesus:

«A Palavra do Senhor compara-se à semente lançada ao campo: aqueles que a ouvem com fé e entram a fazer parte do pequeno rebanho de Cristo, já receberam o Reino; depois, por força própria, a semente germina e cresce até ao tempo da messe» (LG[1] 5).

 O Reino é dos pobres e pequenos, quer dizer, dos que o acolheram com um coração humilde (…).

 Jesus convida os pecadores para a mesa do Reino: «Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores» (Mc 2, 17). Convida-os à conversão sem a qual não se pode entrar no Reino, mas por palavras e atos, mostra-lhes a misericórdia sem limites do Seu Pai para com eles e a imensa «alegria que haverá no céu, por um só pecador que se arrependa» (Lc 15, 7). A prova suprema deste amor será o sacrifício da sua própria vida, «pela remissão dos pecados» (Mt 26, 28).

Jesus chama para entrar no Reino, por meio de parábolas, traço característico do seu ensinamento. Por meio delas, convida para o banquete do Reinomas exige também uma opção radical: para adquirir o Reino é preciso dar tudoAs palavras não bastam, exigem-se atos. As parábolas são, para o homem, uma espécie de espelho: como é que ele recebe a Palavra? Como chão duro, ou como terra boa? Que faz ele dos talentos recebidos? Jesus e a presença do Reino neste mundo estão secretamente no coração das parábolas. É preciso entrar no Reino, quer dizer, tornar-se discípulo de Cristo, para «conhecer os mistérios do Reino dos céus» (Mt 13, 11). Para os que ficam «fora» (Mc 4, 11), tudo permanece enigmático.

É necessário acolher a semente mediante a meditação perseverante

Os métodos de meditação são tão diversos como os mestres espirituais. Um cristão deve querer meditar com regularidade; de outro modo, torna-se semelhante aos três primeiros terrenos da parábola do semeador. Mas um método não passa de um guia; o importante é avançar, com o Espírito Santo, no caminho único da oração: Cristo Jesus.

VI. TEXTOS DA ESPIRITUALIDADE SODÁLITE

Deus dá a cada um certos dons e talentos. Estes dons e talentos têm uma dimensão pessoal, pois ajudam nosso desenvolvimento e desdobramento, mas têm ao mesmo tempo uma dimensão social: orientam-se também à mútua edificação. Assim, ao pôr os próprios dons a disposição dos outros, estes se convertem em uma riqueza para todos. Neste sentido, «todos temos necessidade uns dos outros: o bem espiritual que eu não tenho e não possuo, recebo-o de outros».

No horizonte de nossa reflexão aparece a parábola dos talentos: o Senhor reparte um, dois ou cinco talentos, para que cada qual os administre e multiplique. Cada um tem a responsabilidade de conhecer e aceitar com humildade e de verdade os dons e talentos que recebeu. Nossa própria resposta deve assemelhar-se o mais possível à dos dois servos fiéis: atuar com prontidão, com generosidade, com iniciativa para “multiplicar” nossos talentos, superando toda atitude de temor, insegurança, mesquinharia, preguiça ou egoísmo.

Finalmente temos que reiterar que o discípulo de Cristo encontra no Plano de Deus um critério superior e objetivo para desenvolver seus próprios dons e talentos e pô-los a serviço dos outros. Quem isto procura, alcança seu verdadeiro desdobramento, que não é outro senão o desdobramento no amor, a perfeição da caridade.

[1] LG – Lumen Gentiun – Constituição Dogmática do Concílio Vaticano II sobre a Igreja

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