O primeiro campo de apostolado nos mistérios gozosos

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Primeiro mistério: A anunciação

O Fiat de Maria não é a improvisação de um momento

“Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a vossa palavra!” (Lc 1,38)

O Sim de Maria não é fruto da improvisação de um momento. É, pelo contrário, a manifestação de um coração livre, avançado na intimidade com Deus e acostumado a responder positivamente ao Plano de Deus na vida cotidiana. O diálogo com o mensageiro divino evidencia em Maria uma pessoa atenta, silenciosa e senhora de si, acostumada a guardar no coração as suas experiências, buscando acolher com reverência seu sentido mais profundo.

 

Segundo mistério: A visitação

Maria e a ação como expressão da própria identidade

As características da personalidade de Maria, que possibilitam o seu Fiat, são as mesmas que explicam a sua abertura serviçal e amorosa aos seus semelhantes. A ação não é para ela ocasião para a dispersão e afastamento de Deus e de si mesma. Pelo contrário, a ação é expressão da sua identidade mais profunda, da sua liberdade e unidade interior. O apostolado que Ela faz na casa de Isabel a leva a louvar a Deus pelas suas maravilhas no Magníficat. Ao mesmo tempo, o cântico também evidencia a meditação de Maria sobre seu lugar no Plano da Salvação.

 

Terceiro mistério: O Nascimento de Jesus em Belém

Maria sabe qual é o seu lugar

“Ao entrar na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e prostrando-se, o homenagearam. Em seguida, abriram seus cofres e ofereceram-lhes presentes: ouro, incenso e mirra” (Mt 2,11)

Certa vez, quando o Apóstolo Pedro saia do Templo, encontrou um paralítico na porta que pedia esmola. Inspirado pelo Espírito Santo, Pedro lhe disse: “Nem ouro nem prata possuo. O que tenho, porém, isto te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareu, põe-te a caminhar! ” (At 3,6) E o paralítico ficou curado. Em Belém, vemos em Maria a mesma atitude de Pedro. Quando chegam os pastores, Ela lhes apresenta o Messias. O mesmo fará depois com os Magos. O que Ela tem, o oferece. Ensina-nos uma importante lição: Sabemos o nosso lugar na missão? Sabemos o que temos para oferecer? Conhecemos a nós mesmos? Muitos se assustam do que podem encontrar ao empreender este caminho. Não tenhamos medo! Confiemos no Senhor como Maria e como Pedro!

 

Quarto mistério: A apresentação

Encontros no templo

“E a ti, uma espada traspassará tua alma”- para que se revelem os pensamentos de muitos corações” (Lc 2,35)

Sabemos que assim como Maria e José, Isabel e Zacarias, Simeão e Ana são também representantes daquele resto de Israel, dos anawim ou pobres do Senhor, que não tinham perdido a esperança na vinda do Messias, mas mantinham acessa a chama da fé em meio às dificuldades que o Povo passava. São pessoas que não ficam na superfície dos acontecimentos, mas que estão atentas aos sinais de Deus. Essas pessoas, quando se encontram, estabelecem um diálogo profundo, compartilhando os tesouros que guardam em seus corações, suas alegrias e dores, suas esperanças e temores na caminhada da fé. E nós, vivenciamos encontros assim? Sabemos abrir o nosso coração? E quando os abrimos, o que temos para compartilhar?

 

Quinto mistério: O Menino Jesus é perdido e encontrado no templo com os doutores

O método de Maria: conservar e meditar as coisas no coração

“Sua mãe, porém, conservava a lembrança de todos estes fatos em seu coração” (Lc 2,51)

Vivemos uma cultura em que os espaços para estar a sós consigo mesmo vão desaparecendo. O Papa Francisco disse há pouco que vivemos correndo atrás de “curtidas” nas redes sociais, mas somos muito relutantes para assumir um compromisso sério com pessoas e ideais autênticos. Façamos como Maria, alarguemos o nosso espaço interior, a nossa meditação e reflexão sobre as nossas diversas experiências. Busquemos no Evangelho o sentido profundo do que nos acontece. E escolhamos os melhores momentos, as pessoas adequadas, para compartilhar em liberdade, especialmente na oração e com aqueles amigos que Deus colocou em nosso caminho para ajudar-nos em nossa luta pela santidade.

Membro do Sodalício de Vida Cristã desde 1996. Nascido no Peru em 1978, mora no Brasil desde 2001. Por muitos anos foi professor de Filosofia na Universidade Católica de Petrópolis. Atualmente faz parte da equipe de formação do Sodalício, é diretor do Centro de Estudos Culturais e desenvolve projetos de formação na Fé e evangelização da cultura para o Movimento de Vida Cristã.

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