Maria educadora da Vida Cristã

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Maria, educadora da vida cristã

“Enquanto peregrinamos, Maria será a Mãe educadora da fé. Ela cuida para que o Evangelho nos penetre intimamente, plasmem nossa vida de cada dia e produza em nós frutos de santidade. Ela precisa ser cada vez mais a pedagoga do Evangelho” (Lumen Gentium, 63).

 

Primeira meditação: Maria, educada e educadora

“O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra; por isso o Santo que nascer será chamado Filho de Deus” (Lc 1,36).

Maria recebe a importante missão de ser mãe do Messias, de educa-lo humanamente. Ao mesmo tempo, ao pronunciar seu Sim, Ela ingressa num processo pedagógico, de amadurecimento progressivo da sua Fé. Nesse processo, Deus concede à Maria as luzes necessárias para responder, mas Ela precisa a cada passo de confiar muito em Deus, já que muitas coisas não estavam totalmente claras, nem sabia Ela exatamente como todas as promessas de Deus se realizariam. Assim também nós, precisamos como Maria buscar sempre o Plano de Deus para nós, entender que depende da nossa escuta e meditação que possamos conhecê-lo e cumpri-lo. Deus sempre tem a iniciativa, Ele chama, mas cabe a nós responder.

 

Segunda meditação: Sair de nós mesmos

“Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá. Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel” (Lc 1,39-40).

Vivemos num mundo que prega o individualismo e o subjetivismo, o egoísmo e o viver centrado em nós mesmos. Muitos pensam que Deus é um produto a mais no mercado, que tem que se ajustar às suas exigências e preferências individuais. É a lógica do consumismo. Deus, porém, tem uma pedagogia diferente. Maria é a Mulher de Fé, que se deixa educar por Deus. De fato, a palavra educar vem de e-ducere, guiar para fora. Depois da Anunciação, Maria sai de Nazaré e vai visitar a sua prima Isabel. Vai ajuda-la solidariamente, pois ela era idosa, mas também para anunciar e testemunhar Jesus.

 

Terceiro mistério: O presépio, escola de Jesus, escola de Maria

“Ao entrar na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o homenagearam” (Mt 2,11)

Segundo o Padre Antônio Vieira, famoso por seus sermões, o Menino Jesus, Deus feito homem, ensinou aos pastores e aos reis com seus gestos, o que depois, já crescido, haveria de ensinar com palavras. A mansidão, por exemplo, de um Deus, que sendo Todo Poderoso, se torna tão pequenino e indefeso para salvar a humanidade. E Maria, em atitude silenciosa, ao mostrar o Menino em seus braços, parece antecipar as palavras das Bodas de Caná: “Fazei o que Ele vos dizer”. Vir rezar o terço aos sábados, comunitariamente, é um pouco visitar o presépio, como pastores e reis, para contemplar Jesus, que é mostrado a nós por Maria. É voltar o olhar para Jesus e seus mistérios, alentados por Ela, aprendendo dEla a olhar corretamente, com silêncio, reverência e devoção.

 

Quarto mistério: Os mais velhos

“Havia também uma profetisa chamada Ana, de idade muito avançada, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Como chegasse nessa mesma hora, agradecia a Deus e falava do menino a todos os que esperavam a redenção em Jerusalém” (Lc 2,36.38)

Quando vai apresentar o Menino ao Templo, Maria encontra duas pessoas idosas que também confiavam nas promessas de Deus. São Simeão e Ana, pobres do Senhor que dirigem importantes palavras a Maria, que são para Ela uma confirmação do caminho percorrido e, com certeza, fonte de alento no caminhar de Fé. Qual é a nossa atitude com as pessoas maiores? Vivemos numa cultura do descarte, que tende a colocar de lado, a ignorar os mais velhos. O Papa Francisco insiste muito na atenção, carinho e escuta que merecem estas pessoas. Eles são custódios dos valores, entre os quais destaca o da Fé. Aprendamos de Maria a ser atentos e caridosos com estas pessoas. Isto, com certeza, nos ajudará muito a amadurecer e avançar em nossa educação na Fé.

 

Quinto mistério: Sempre estar perto de Jesus

“E não o encontrando, voltaram a Jerusalém à sua procura” (Lc 2,45)

Maria e José perdem de vista Jesus por três dias e o procuram até que o encontram, na porta do Templo. Qual é a nossa atitude quando, por algum motivo, acabamos afastando-nos de Jesus, não apenas fisicamente, como aconteceu com Maria na passagem meditada, mas sobretudo espiritualmente? Tenhamos a atitude de Maria, não percamos de vista o nosso Mestre, procuremos sempre voltar rapidamente ao rebanho do Bom Pastor quando descobrimos que as urgências da vida nos levaram a afastar-nos, a deixar de ouvir a sua voz. Lembremos que é Ele quem nos educa, quem nos guia para os pastos seguros e as águas tranquilas.

Membro do Sodalício de Vida Cristã desde 1996. Nascido no Peru em 1978, mora no Brasil desde 2001. Por muitos anos foi professor de Filosofia na Universidade Católica de Petrópolis. Atualmente faz parte da equipe de formação do Sodalício, é diretor do Centro de Estudos Culturais e desenvolve projetos de formação na Fé e evangelização da cultura para o Movimento de Vida Cristã.

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